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Arqueólogos criam um relógio melhor para tempos bíblicos

Quando se trata de atribuir datas às campanhas militares descritas na Bíblia, os parâmetros da discussão assumem proporções quase bíblicas. Quando os amalequitas guerrearam contra os hebreus no deserto? Josué lutou na Batalha de Jericó em 1500 a.C. ou em 1400 a.C.?

Essa incerteza existe, em parte, porque a análise de radiocarbono que os cientistas usam até agora para datar restos orgânicos é menos precisa para certas épocas. E, em parte, porque os arqueólogos frequentemente discordam sobre quais devem ser os cronogramas de diferentes narrativas. Mas uma nova técnica, que utiliza dados geomagnéticos consistentemente confiáveis, permite que os cientistas estudem com maior confiança a história do Levante.


Muitos materiais, incluindo rochas e solos, registram as reversões e mudanças ao longo do tempo no campo geomagnético invisível da Terra. Quando cerâmicas antigas ou tijolos de argila contendo minerais ferromagnéticos, ou certos minerais contendo ferro, são aquecidos a temperaturas suficientemente altas, os momentos magnéticos dos minerais se comportam como uma agulha de bússola, refletindo a orientação e a força do campo no momento do disparo. A nova metodologia pode fornecer uma espécie de relógio geobíblico.


“Com base na semelhança ou diferença nos sinais magnéticos registrados, podemos corroborar ou refutar hipóteses sobre quando certas camadas de sedimentos teriam sido destruídas durante as batalhas bíblicas”, explica Yoav Vaknin, aluno de doutorado da Universidade de Tel Aviv e da Universidade Hebraica de Jerusalém, pioneira nessa tecnologia. “Tudo se encaixa perfeitamente, melhor do que eu jamais imaginei.”


A pesquisa de Vaknin, publicada este ano no The Proceedings of the National Academy of Sciences, usa informações de 20 estudiosos internacionais para mapear um conjunto de dados geomagnéticos de 21 camadas de destruição histórica em 17 locais na Terra Santa.


O projeto é uma tentativa de confirmar a autenticidade histórica de fatos narrados no Antigo Testamento, incluindo as ofensivas egípcias, aramaicas, assírias e babilônicas contra os reinos de Israel e Judá, e os conflitos entre esses dois reinos.


“Com este novo conjunto de dados, podemos reduzir as coisas para o nível de uma década”, disse Thomas Levy, arqueólogo da Universidade da Califórnia em San Diego, que não participou do estudo. “Isso é super importante ao tentar conectar eventos históricos antigos ao registro arqueológico”, acrescentou.


A verdadeira importância da pesquisa está nas conexões interdisciplinares, disse Oded Lipschits, arqueólogo e um dos coautores do estudo: especialistas na nova técnica, conhecida como arqueomagnetismo, ganham “âncoras cronológicas” com o trabalho de arqueólogos – fundações firmes na linha do tempo histórica. “E, em troca, a arqueologia recebe uma nova ferramenta de datação cuja principal aplicação é no primeiro milênio a.C., quando o radiocarbono é menos eficaz e não confiável.”


O estudo se destaca não só pelo seu conteúdo, mas também pelos seus pesquisadores. Todos os autores da obra, exceto um, são arqueólogos – muitos com visões contraditórias sobre a história bíblica e a cronologia do período.


Em vez de fornecer datas absolutas, o banco de dados de Vaknin compara leituras magnéticas de materiais queimados em vários locais.


Para entender o misterioso mecanismo do campo magnético da Terra, os geofísicos traçam suas mudanças ao longo da história usando relíquias arqueológicas – fornos, cacos de cerâmica e telhas – que contêm minerais ferromagnéticos.



Fonte: THE NEW YORK TIMES

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